Quedas de tráfego orgânico são uma das coisas mais assustadoras para quem trabalha com SEO. Provavelmente só não é pior do que quedas bruscas em conversões e receita.
O que fazer quando acontece?
Primeiro respire fundo e se prepare para fazer um diagnóstico completo do seu site. Você precisará inspecionar aspectos técnicos, de conteúdo e até fatores externos, como tendências de mercado e tráfego dos seus concorrentes.
Identificar quedas de tráfego pode ser complexo, especialmente se você não é especialista em SEO. Esse post traz um passo a passo de tudo o que você precisa fazer, começando pelas causas mais prováveis e passando por um plano de ação completo para resolver os pepinos.
Quedas de tráfego são complicadas e podem virar uma bola de neve, mas fazem parte do jogo. Acontece com todo mundo, tem solução, e com certeza essa não será a última vez que você precisará apagar um incêndio do tipo. 😉
As causas mais comuns de queda de tráfego orgânico
Vários fatores podem causar quedas de tráfego orgânico, como erros técnicos do site, problemas de servidor, problemas durante migrações, mudanças nos critérios de qualidade do Google, entre outras.
As causas mais frequentes são:
Problemas técnicos: indisponibilidade de servidor, arquitetura de site ineficiente, páginas bloqueadas no robots.txt, páginas com tag noindex, erros de resposta HTTP 404, 401, 403, soft 404, 5xx, entre outros;
Sazonalidade e mudanças de interesse: são mudanças nos padrões de pesquisa, que variam de acordo com a época do ano ou com interesses específicos das pessoas. Por exemplo, pesquisas sobre “ginástica” foram maiores durante as Olimpíadas, e o interesse em “árvore de natal” aumenta no fim do ano;
Mudanças e migrações de site: oscilações e quedas enquanto o Google rastreia e indexa novamente o site;
Mudanças em algoritmos do Google: core updates, como o de agosto de 2024, podem influenciar a forma como o buscador avalia conteúdo, o que impacta o tráfego orgânico.
Estas são as principais causas, mas não são as únicas. Às vezes, os problemas são mais específicos. Por exemplo, um concorrente pode estar investindo mais em SEO do que você, focando nas mesmas palavras-chave e tópicos. Se o negócio dele pegar tração, possivelmente você perderá tráfego.
💡 Continue lendo este post para ver um passo a passo detalhado para abordar as quedas, identificar suas causas e como corrigi-los.
Google Analytics: tem as informações detalhadas sobre acessos e conversões no seu site;
Ferramentas de análise de SEO: Semrush, Ahrefs, Moz ou similares têm vários recursos interessantes, como visões detalhadas de páginas e palavras-chave, análises de concorrentes e auditorias técnicas. São ferramentas pagas;
Também há boas ferramentas complementares, que podem ajudar em algumas etapas:
Looker Studio: para apresentar os dados para diretores ou a sua equipe de marketing;
Quadros colaborativos: Notion, Miro, entre outros, para compartilhar insights e definir planos de ação com outras pessoas da sua equipe;
Google Trends: permite analisar tendências de mercado e interesse de busca. É útil para confirmar hipóteses sobre sazonalidade ou tendências de mercado, mas não deve ser a sua única fonte de informações;
Crawlers: ferramentas como Jet Octopus ou Screaming Frog permitem analisar sites com muitas páginas e oferecer informações valiosas sobre aspectos técnicos, como rastreabilidade. É útil se você suspeita que essa seja a causa (ou se você tem muitas páginas para analisar).
Agora que você já sabe o básico sobre as quedas de tráfego e quais armas precisa para cortar as cabeças dessa hidra, vamos ao plano de ação!
O que fazer quando o tráfego cair?
Este é um checklist com tudo o que você precisa fazer para diagnosticar e resolver os problemas:
Verifique se as suas fontes de dados estão corretas;
Veja se todas as suas fontes de dados (Analytics, Search Console, ferramentas de SEO) têm resultados de tráfego orgânico parecidos;
Compare o seu histórico de pesquisas com marca (quando o nome da sua empresa está nas pesquisas no Google) em diferentes períodos. Se tiver queda, pode ser problema de branding;
Compare o seu histórico de pesquisas sem marca em diferentes períodos. Se tiver queda, pode ser problema de SEO;
Faça uma lista de URL que estão perdendo acessos;
Verifique quais dessas URLs geram conversão ou são importantes para a jornada de compra dos visitantes;
Se o seu tráfego estiver mal em páginas que não geram conversões, é “menos pior”;
Se o tráfego estiver caindo em páginas que geram conversões, resolva com urgência pois pode afetar o seu bolso;
Compare o tráfego em diferentes datas, tipos de pesquisa ou períodos de tempo;
Faça um diagnóstico de problemas internos do seu site, como conteúdo e aspecto técnico;
Faça um diagnóstico de problemas externos, como updates do Google ou mudanças de jornada de compra dos seus visitantes;
Monte um plano de ação priorizando a melhoria das páginas que geram conversão;
Para problemas internos: faça uma auditoria de conteúdo e uma auditoria técnica;
Para problemas externos: analise seus concorrentes, pesquise tendências de mercado, equilibre seu calendário editorial e invista em branding.
Veja abaixo os detalhes destes passos. Dividimos as ações acima em quatro partes:
Verificando dados de atribuição;
Determinando a origem do problema;
Identificando a causa do problema;
Criando um plano de ação.
Verifique dados de atribuição do seu site
O primeiro passo é confirmar se você está com um problema de tráfego ou de atribuição. É possível que o tráfego não tenha diminuído, mas ele não esteja sendo contabilizado corretamente na sua fonte de dados.
Exemplos de erros comuns são configurações incorretas de eventos no Google Analytics, ou perda de dados durante migrações.
Quando isso acontece, os relatórios apontam quedas de tráfego, mas não há um problema de visibilidade ou SEO a ser corrigido.
Sinais de problemas desse tipo incluem:
Quedas de tráfego em diversos canais além do orgânico;
Dados muito diferentes em cada fonte. Por exemplo, números muito diferentes de visitantes no Google Analytics, na plataforma do Facebook Ads e no Search Console.
É normal ter alguma variação nos dados, mas se for muito gritante, você precisa fazer uma auditoria mais detalhada.
Só depois que tiver certeza que está tudo certo, passe a buscar os problemas de SEO.
Validar a origem da queda de tráfego é importante para economizar recursos. Se você trabalhar com pressa, provavelmente gastará tempo e dinheiro com correções que têm pouco impacto nos seus resultados.
Determine a origem do problema
Se os seus dados de tráfego estão corretos, você precisa descobrir se está com um problema de SEO ou um problema de marketing.
Comece analisando as pesquisas por marca. São as pessoas que pesquisam o nome da sua empresa no Google. Compare com as pesquisas sem marca e veja os resultados nos últimos meses.
Pesquisas por marca diminuíram, o que pode indicar problemas de branding;
Pesquisas por marca estão estáveis ou aumentaram, o que pode indicar boa saúde de marca;
Pesquisas sem marca aumentaram, o que pode indicar sucesso de ações de SEO;
Pesquisas sem marca diminuíram, o que indica problemas de SEO.
Diversas ações de marketing além do SEO podem influenciar esse cenário:
Sua equipe de mídia paga fez campanhas com o nome da marca e isso está reduzindo tráfego orgânico;
Campanhas de relações públicas ou com influenciadores foram pausadas, o que também está impactando os acessos ao site;
Sua empresa virou notícia (de forma positiva ou negativa), e isso está aumentando ou diminuindo o interesse nela.
Tudo isso influencia o tráfego. Por isso você precisa ter uma visão holística sobre o seu site, olhando para todas as variáveis possíveis antes de colocar a mão na massa.
E se for mesmo um problema de SEO, o que fazer?
O próximo passo é identificar exatamente onde você está sangrando.
Siga este checklist para encontrar as suas quedas de tráfego:
Compare diferentes períodos de tempo para identificar sazonalidades ou quedas consistentes;
Verifique em quais URLs você está perdendo tráfego;
Verifique se essas URLs estão no mesmo diretório, subdomínio ou categoria do site;
Verifique em quais pesquisas houve queda de tráfego;
Analise separadamente o tráfego em vídeos, imagens e notícias;
Observe diferenças de tráfego em diferentes regiões, no caso de sites locais.
Observe dados de total de cliques, impressões, CTR média e posição média para encontrar as respostas.
Para dados regionais, você precisará de outras ferramentas de SEO.
Identifique problemas de conversão
Verifique se a queda de tráfego está reduzindo as conversões.
Para isso, veja se as quedas estão em páginas associadas ao início da jornada de compra do seu cliente. Você pode pensar nas etapas do funil de marketing:
Topo, com páginas e pesquisas que estão longe da intenção de compra;
Meio, com páginas e pesquisas que estão considerando adquirir um produto ou serviço;
Fundo, com páginas e pesquisas onde é mais provável acontecer uma conversão.
Vamos ver um exemplo prático. Imagine o seguinte cenário no site de uma oficina mecânica:
Tráfego da categoria “curiosidades sobre automóveis” diminuiu. É uma seção para falar de mecânica de carros antigos, problemas específicos, ou situações inusitadas.
Tráfego da página de solicitação de orçamento e dos principais serviços de mecânica também diminuiu.
A prioridade são as páginas de solicitação de orçamento e serviços de mecânica, pois contribuem diretamente com o faturamento.
“Curiosidades sobre automóveis” possivelmente gera mais tráfego no total, mas traz visitantes menos qualificados para o site. Quem pesquisa esse assunto nem sempre tem interesse imediato em consertar o carro.
Comece a resolver os problemas sempre pelas páginas que geram conversão, de acordo com o modelo de atribuição do seu marketing.
Identifique a causa da queda de tráfego
Para entender as quedas, comece analisando os gráficos de tráfego. Depois, faça inferências e estabeleça relações com os diversos aspectos de branding e SEO.
A imagem abaixo, de autoria do Google, dá uma visão geral sobre como são os gráficos de queda de tráfego orgânico e o que eles significam. É um bom ponto de partida para começar.
Aplique diferentes filtros para ter uma visão ampla sobre os gráficos:
Mude o período de análise. Observe dados do último mês, último ano, últimos meses, ou o que mais for relevante, de acordo com a queda. Assim você pode saber quando os problemas começaram;
Compare o período de queda com anos anteriores. Assim você consegue identificar as sazonalidades;
Analise tipos de pesquisa separadamente. Veja dados de Pesquisa Orgânica, Discover, Imagens, Vídeos ou Notícias. Assim você saberá onde precisa priorizar esforços;
Monitore a posição média das suas páginas. Observe se algum termo que traz muito tráfego caiu de posição e tente entender o porquê. Analise se foram quedas pequenas ou muito bruscas. Atente-se também para quedas da primeira posição, pois a taxa de cliques costuma cair bastante.
Depois de observar essas informações, você deve buscar padrões e fazer inferências:
Tente entender se as páginas que estão em queda têm algo em comum. Faça o mesmo para as páginas que se mantêm em boas posições ou estão gerando tráfego;
Observe as datas das quedas e tente entender se houve mudanças. Você fez alguma alteração importante no site? Mudou o tema do blog? Trocou de servidor? A data coincide com as atualizações do Google?
Entenda se a queda é “nova” ou se é algo que acontece todos os anos.
A partir daí você terá um norte para investigar os problemas mais profundamente. E lembre-se do detalhe: a causa nem sempre é SEO. Pode ser que o seu site esteja ótimo, mas flutuações de mercado, tendências de consumo ou má reputação de marca estejam diminuindo os acessos.
O próximo passo é investigar os problemas internos e externos que podem estar causando as quedas.
Analisando problemas internos
Problemas internos são tudo aquilo que está dentro do seu site.
Quedas muito bruscas acontecem porque alguma coisa “quebrou” em conteúdo ou parte técnica. Quedas graduais costumam ser causadas por múltiplas variáveis que reduzem a qualidade do site aos olhos no Google.
Situações comuns incluem:
As páginas não conseguem ser rastreadas corretamente;
O Google está optando por indexar as páginas com menos frequência;
Algoritmos do Google consideram que o site como um todo tem baixa qualidade;
Os conteúdos das páginas não são atualizados constantemente;
O Google está exibindo informações diretamente na SERP, o que está reduzindo o tráfego para determinados artigos do seu site;
Seu site não está sendo recomendado por recursos de IA, como as AI Overviews;
Você estava surfando em tendências que perderam força;
Se o seu site é de um segmento muito específico, ele pode estar com menor volume de busca;
Se você fala sobre temas sensíveis, que envolvem finanças pessoais ou saúde, o Google prefere exibir sites que considera altamente especializados. Estes temas são chamados YMYL (Your Money, Your Life);
Seus visitantes estão buscando outras fontes de informação sobre seu mercado ou seus produtos, como TikTok ou Instagram;
Seus competidores estão investindo mais em SEO e estão “roubando” sua posição no Google.
Sugerimos a seguinte abordagem para identificar e resolver os problemas:
Analise seus concorrentes: use ferramentas de SEO para acompanhar seu crescimento, onde estão ganhando tráfego, e em quais palavras-chave eles competem diretamente com você;
Analise tendências: use o Google Trends para identificar picos e quedas no interesse sobre os termos que você trabalha no seu site;
Equilibre seu calendário editorial: crie páginas com conteúdo evergreen, notícias e tendências;
Invista em branding: além de SEO, crie frentes de trabalho para diferentes canais de marketing.
Ações manuais do Google
Uma ação manual acontece quando o Google penaliza um site por violar alguma regra da Pesquisa Orgânica. O resultado é perda de visibilidade até resolver o problema.
Só acontece se você violar as políticas de spam. Às vezes, nem é intencional: acontece de alguém falar que “tal coisa é um baita hack de SEO” na internet, donos de sites replicam, e aí acabam penalizados.
Se a causa dos problemas for a ação manual, o tráfego tende a voltar gradativamente depois de ela ser resolvida.
Crie um plano de ação
Fazendo os passos acima, você terá uma lista de ações e páginas que merecem a sua atenção. Elas serão os pilares do seu plano de ação para retomar o crescimento.
O cronograma de ações depende bastante do cenário atual da sua empresa:
Talvez seja possível reverter o cenário apenas com alterações técnicas e de conteúdo;
Talvez precise aumentar o escopo do seu marketing;
Talvez precise revisar rastreamento de conversões e modelo de atribuição;
Talvez precise montar um relatório para apresentar à gerência antes de fazer qualquer coisa.
Independentemente do cenário, sugerimos que você planeje bastante e não saia executando de qualquer jeito.
Monte uma lista com todas as possibilidades de correção. Pontue também o esforço necessário para realizá-las, e qual o potencial delas para melhorar tráfego e conversões. A partir daí, você terá um caminho mais claro sobre atividades que geram pouco esforço, mas têm alto potencial de retorno. Começar por elas costuma dar certo.
Vale lembrar que nem todas as ações têm efeito imediato. Normalmente, demora algum tempo para que o Google perceba as alterações feitas no site. Recomendamos a leitura deste texto para entender quando um projeto de SEO dá retorno.
Recomendamos também o apoio de especialistas em SEO nessa etapa. Como você viu nesse post, muitas variáveis podem impactar o seu tráfego e nem todas são simples de identificar e resolver. Frequentemente as análises geram uma lista imensa de tarefas que precisam ser priorizadas.
Temos anos de experiência ajudando empresas de vários segmentos a crescer de forma sustentável no Google. Podemos ajudar no diagnóstico e correção das suas quedas de tráfego orgânico, além de acompanhar sua equipe durante a execução das ações. Entre em contato conosco!
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Infelizmente solucionar problemas no seu site não é tão simples quando consertar uma goteira.
É só olhar a poça de água para ver onde o telhado está furado, colocar um balde, esperar parar de chover, e trocar a telha.
Em SEO, você não sabe onde está o buraco. Nunca para de chover, e você tem uns quinhentos baldes em casa, mas vários estão furados. E depois que você troca a telha, demora uns três ou quatro meses para saber se você trocou a certa.
Quando você conduz o processo de forma incorreta, termina desse jeito aqui:
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