Rafael Simões
Atualizado em 19/12/2023
8 min de leitura
O Google muda mais rápido do que você consegue acompanhar? Não se preocupe, isso é comum pra muita gente.
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Criar conteúdo é um trabalho árduo que envolve vários custos.
Você precisa investir no profissional para fazer benchmarks de mercado, pesquisa de palavras-chave, briefings de conteúdo, otimizar o conteúdo, etc.
Feito isso, você precisa investir em redatores para criar esse conteúdo para o seu site e em revisores para garantir que esse conteúdo está de acordo com sua marca e produto.
Uma vez o conteúdo criado, ele precisa ser otimizado para que tenha mais chances de performar melhor. Técnicas de otimização nessa etapa envolvem meta tags (title, meta description), linkagem interna, dados estruturados, etc.
Esse processo não é barato, nem rápido… Mas funciona.
Venho investindo nesse modelo aqui na SEO Happy Hour por anos e temos colhido excelentes resultados para nossos clientes com ele.
Para cortar custos ou “escalar” a estratégia de SEO, empresas tem substituído esse trabalho por ferramentas de inteligência artificial generativa, como o ChatGPT, Claude, Bard, etc.
Eu vim aqui te contar porque isso é uma péssima estratégia do meu ponto de vista e porque sou contra estratégias assim.
Para ilustrar meus pontos e riscos, trouxe um estudo e caso real de uma empresa que criou mais e 1.800 conteúdos usando IA e os resultados alcançados com a estratégia.
No fim de Novembro, um case de SEO causou um alvoroço enorme no X (antigo Twitter) e no LinkedIn com um “case de sucesso” de uma empresa que usou uma estratégia de larga escala para criar conteúdos e “roubar” tráfego de competidores:
A estratégia foi a seguinte:
Como vocês podem ver pela imagem acima, a estratégia foi um sucesso, certo?
Errado.
Apesar do site ter crescido após o inicio da estratégia, hoje o site que publicou esses conteúdos está pior do que estava antes da estratégia ser implementada.
Como podem ver na imagem abaixo, em Fevereiro de 2023 o site tinha cerca de 250.000 visitas orgânicas mensais provenientes de SEO (linha laranja). Foi nessa época que o site publicou os 1.800 artigos gerados por IA (linha amarela):
É notável que, após a publicação desses artigos, o site realmente “roubou” share de mercado de seus competidores e começou a crescer, atingindo um pico de 600.000 visitas orgânicas mensais em Outubro de 2023, um crescimento de +140%.
Impressionante, né? #sóquenão
Com o Helpful Content Update que ocorreu em 14 de Setembro e o November Core Update de 2 de Novembro, o site começou a cair nas buscas orgânicas, como podemos confirmar olhando a imagem acima da ferramenta Ahrefs e também através de dados do SEMRush, duas das mais renomadas ferramentas de SEO do mercado:
Lembram que eu comentei que o site tinha cerca de 200.000 acessos orgânicos mensais antes da estratégia? Pois bem, agora eles menos da metade disso, e continuam caindo diariamente.
Bom, essa é a parte que entra a minha opinião e mais de 12 anos de experiência trabalhando em diferentes nichos de SEO. O Google nunca se pronunciou publicamente sobre esse caso, é importante deixar isso claro.
Se você está criando conteúdo com o simples objetivo de ranquear bem no Google, sem de fato produzir algo original e único, a estratégia talvez até funcione por um tempo, como vimos acima, mas quando os diferentes algoritmos do Google descobrirem o que você está fazendo, você vai perder não apenas o que conquistou com os conteúdos gerados por IA, mas também perderá tráfego para conteúdos autorais e de qualidade no seu site.
Isso acontece porque você perdeu a confiança dos mecanismos de busca ou caiu em algum tipo de “punição manual”.
Uma vez que isso acontece, não basta apenas deletar o conteúdo gerado por IA para recuperar o tráfego perdido, muito pelo contrário, voltar a crescer depois de uma estratégia como essa é muito mais difícil que crescer um site que nunca tenha tido problemas como esse.
Se você não quer que sua marca desapareça do Google, eu encorajo você a não usar esse tipo de estratégia.
Abaixo, colo na íntegra algumas perguntas que o Google responde em sua página de Orientações da Pesquisa Google sobre conteúdo gerado por IA.
As perguntas e respostas abaixo não foram escritos por mim, mas sim pelo Google em sua documentação oficial.
O uso apropriado de IA ou automação não vai contra nossas diretrizes. Isso significa que ela não é usada principalmente para gerar conteúdo que manipule as classificações de pesquisa, o que é contra nossas políticas de spam.
Há muito tempo a automação é usada em publicações para criar conteúdo útil. A IA pode ajudar e gerar conteúdo útil de maneiras novas e interessantes.
O conteúdo de baixa qualidade não é um desafio novo para a Pesquisa Google. Estamos lidando com conteúdo de baixa qualidade criado por humanos e por automação há anos. Temos sistemas para determinar a utilidade do conteúdo. Outros sistemas trabalham para destacar notícias originais. Nossos sistemas continuam a ser melhorados regularmente.
Esses problemas existem em conteúdo gerado por humanos e por IA. Não importa como o conteúdo é produzido, nossos sistemas buscam exibir informações de alta qualidade de fontes confiáveis, e não informações que contradizem o consenso estabelecido sobre temas importantes. Em assuntos em que a qualidade é essencial, como informações de saúde, cívicas ou financeiras, nossos sistemas enfatizam ainda mais os indicadores de confiabilidade.
Temos vários sistemas, incluindo o SpamBrain, que analisam padrões e indicadores para nos ajudar a identificar o conteúdo de spam, seja qual for o modo de produção.
Usar a IA não dá vantagens especiais para o conteúdo. É apenas conteúdo. Se for útil, original e atender a aspectos do E-E-A-T, ele poderá ter um bom desempenho na Pesquisa. Caso contrário, talvez não tenha.
Se a IA é uma maneira essencial de ajudar você a produzir conteúdo útil e original, talvez seja bom considerar isso. Se você vê a IA como uma maneira fácil e barata de manipular as classificações nos mecanismos de pesquisa, não.
Desde o surgimento do ChatGPT, venho acompanhando e testando conteúdos gerados por inteligência artificial generativa em diferentes nichos e idiomas.
Pela minha experiência, não vi nenhum site que não tenha perdido todo o tráfego criado por esse tipo de estratégia após alguns meses.
Acredito que o Google vá ficar cada vez mais capaz de identificar e “punir” esse tipo de estratégia.
Usar conteúdo gerado por IA não é contra as diretrizes do Google, como vimos acima. Mas se você está usando esse tipo de tecnologia apenas para ranquear no Google, esse conteúdo é considerado spam.
Um prompt bem desenvolvido e edição humana em cima do conteúdo criado pode reduzir bastante os riscos desse tipo de estratégia, mas riscos sempre vão existir.
Se você tem uma marca séria, e não quer que ela desapareça do Google e você perca o valioso tráfego que levou tanto tempo para conquistar, não aposte nesse tipo de estratégia.
Criar conteúdo de qualidade é realmente um investimento considerável, mas é o que te destaca do mercado.
Não busque por atalhos, continue fazendo um bom trabalho que uma hora o resultado vem.
Se precisar de ajuda com sua estratégia de SEO, nós da SEO Happy Hour somos especialistas nisso e podemos ajudar. Entretanto, se o redator da sua equipe for o ChatGPT (ou qualquer outra ferramenta similar), eu to fora.
Existem diversos bons usos para ferramentas como essa, eu mesmo uso ela diariamente, mas criar conteúdo definitivamente não é uma delas.
Espero ter trazido um pouco de clareza para você sobre os riscos dessa estratégia. Se você estava pensando em testar esse tipo de estratégia em 2024, repense sua estratégia com carinho.
Esse conteúdo foi 100% escrito por mim, Rafael Simões, sem ajuda de uma IA fajuta.
Rafael Simões é CEO da SEO Happy Hour e especialista com mais de 13 anos de experiência em SEO. Já atendeu clientes do Brasil, Estados Unidos, Canadá e Austrália. Também é host do podcast SEO Happy Hour. Desde 2011 ajuda empresas a aumentarem seu tráfego, vendas e leads com estratégias de Search Engine Optimization e Conversion Rate Optimization.
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